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Channel: ATALAIA - V.N.BARQUINHA
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Sirgadouros

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E evolução de embarcações nos portos fluviais do Tejo evoluiu durante o período filipino, durante o qual se estudou seriamente a possibilidade de tornar o Tejo navegável entre Alcántara, depois Toledo, e Lisboa. É público e célebre o interesse de Filipe II nessa obra, tendo-se empenhado na construção de obras para melhorar a navegabilidade em troços mais difíceis do Tejo, por exemplo com a construção de sirgadouros nos pontos críticos. Os trabalhos foram dirigidos pelo Eng.º Juan Bautista Antonelli, e permitiram remover obstáculos difíceis no percurso, criando condições para estabelecer a ligação fluvial entre Lisboa e Alcántara.
Gaspar (1970) conseguiu pessoalmente obter informações no Rossio de Abrantes e Alvega que deram conta que “em meados do século passado [XIX] o transporte do minério de Alcántara para o porto de Lisboa era feito exclusivamente por barcos portugueses, na maioria pertencentes ao Rossio de Abrantes e proximidades (Pego e Alvega). Esse tráfego fazia-se em comboios de pelo menos uma dezena de barcos (cerca de 20-30t cada), para que nos momentos difíceis (rápidos a transpor) todas as tripulações se pudessem ajudar na carga” (Gaspar, 1970, p.160).
Ainda hoje existe uma importante estrutura de sirga – carregada de história – no concelho de Nisa, com cerca de três quilómetros, entre Fratel e a Barca da Amieira. Este tipo de estrutura, como se descreverá e testemunhará neste trabalho, foi um importante suporte à navegabilidade tagana nos trechos mais difíceis do trajecto do rio. As manobras eram aí apoiadas por homens ou mesmo juntas de bois, que rebocavam as pesadas embarcações permitindo ultrapassar os obstáculos naturais do percurso.
No decurso do século XVII – e até à restauração da independência portuguesa – os reis filipinos, e em particular Filipe II, dedicaram especial importância ao projecto de navegabilidade do Tejo, para permitir o acesso mais fácil ao Atlântico das mercadorias do interior das terras castelhanas atravessadas pelo rio.

Fonte: O Último Calafate da Barquinha, Memórias do Mestre José Marques, obra de João Monteiro Serrano


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